Bridgerton: Somente os nobres se casavam?
A primeira parte da terceira temporada de Bridgerton está conquistando o coração de muitos fãs, tanto pela beleza, romantismo e sensualidade que a série carrega quanto pela fidelidade na adaptação do livro Os Segredos de Colin Bridgerton de Julia Quinn. Entretanto, nesta temporada o roteiro conseguiu dar um foco interessante para as diferenças entre as classes sociais na prática.
Nós sempre podemos observar inúmeros serviçais, homens e mulheres, ao redor das famílias e das debutantes, porém não vemos as empregadas debutando ou participando ativamente dos bailes. O roteiro, muito bem construído por Jess Brownell, mostra isso com a entrada da família Mondrich na alta sociedade, com o filho mais velho recebendo a herança e o título de Barão.
Em certos momentos, os próprios personagens falam como todos bailes, comemorações e debutes são feitos para a “indústria do casamento”, o preparo e o anseio das moças, os inúmeros vestidos, a apresentação a rainha, as danças, os bailes, o cortejo e, enfim, o casamento. Tudo feito para que pessoas da alta sociedade mantenham seus títulos entre si, enquanto as pessoas que não possuem títulos continuam cada vez mais pobres.
Onde estão os bailes e preparativos para o casamento dos jovens de classe baixa? Aliás, em que momento os jovens e suas famílias produziriam e participariam de todos esses eventos, se eles precisam trabalhar o dia todo desde pequenos nos terrenos e casas dos nobres, já que nobres não podem trabalhar.
Aparentemente, os plebeus possuem a apresentação, cortejo e casamento diferente, simples e rápido em comparação com os nobres. Pois eles não possuem condições financeiras e sociais para fazer tudo conforme as regras sociais prezam. Assim, tornando tudo menos encantador e, de certa forma, menos importante, quanto os demais. Afinal, se um pobre casa com outro pobre nada muda, porém se alguém da alta sociedade se casa com um pobre para quem iriam suas terras e bens quando seus filhos homens assumissem? Pois eles não são totalmente nobres.
Diferente de como acontece em Orgulho e Preconceito (Joe Wright – 2006), em que a protagonista, Elizabeth Bennet, e sua família são menos afortunados e realizam bailes e festas para eles e seus conhecidos. Além de logo no começo, o roteiro une pobres e ricos em comemorações, incentivando o casamento entre eles.
Outro exemplo, está presente em Adoráveis Mulheres (Greta Gerwig – 2019) que acompanha a história de quatro irmãs, sendo a caçula, Amy (Florence Pugh) uma mulher que entendeu que a sociedade não é fácil para mulheres pobres e busca um homem rico e com status para se casar. A personagem não busca uma vida focada em casamento, porém ela entende que sem alguém que possa lhe proporcionar uma vida melhor ela nunca conquistará nada. Ela não está totalmente certa, mas no final encontra um rapaz que possui dinheiro e também sentimentos recíprocos. E sejamos sinceros, casar por interesse é algo horrível, mas quem não deseja uma vida melhor no contexto da época em que ela está?
Quanto à série Bridgerton, esperamos ver um pouco mais sobre os matrimônios fora da alta sociedade na adaptação do livro “Um Perfeito Cavalheiro”, em que o par romântico é Benedict Bridgerton e sua amada.