Furiosa: Quantas oportunidades você já teve de se salvar e desperdiçou?
Estrelado por Anya Taylor-Joy e Chris Hemsworth, Furiosa traz de volta o universo de Mad Max: Estrada da Fúria contando os acontecimentos antes da Imperatriz fugir com as esposas, interpretada por Charlize Theron. O filme foi muito elogiado pela crítica, mas isso já era de se esperar com a atuação da protagonista.
Porém, o roteiro ficou repetitivo tanto em comparação com o filme anterior, em que ela busca pela liberdade dela e de outras mulheres, quanto dentro do próprio filme em que ela tem várias possibilidades de fugir do perigo e a escolha é ficar. E é sobre esse ponto que iremos conversar hoje.
Desde o momento em que é pega por Dementus (Chris Hemsworth), ela tenta fugir, porém sempre que está quase conseguindo, ela desiste para salvar alguém. E isso diz muito de como agimos conosco mesmo, como valorizamos o outro acima de nós. Não quero trazer aqui um discurso egoísta, em que ela deveria pensar apenas nela, mas o contexto pós-apocalíptico em que ela nasceu mostra o tempo todo que isso é um erro.
A partir daqui teremos SPOILERS, pois vamos explanar algumas partes da obra para nos aprofundar na vivência da personagem.
Logo no começo do filme, quando sua mãe tenta salvá-la dos vilões, ao invés de obedecer a mãe e se esconder, ela volta para ver a mãe morrer. Neste caso, podemos colocar justificar com a imaturidade e sensibilidade daquela criança vendo a situação e, ingenuamente, acreditando que poderia fazer algo para ajudá-la.
No seu ponto de virada, quando foge na máquina de guerra guiada por Praetorian Jack (Tom Burke), ela tem a oportunidade de fugir e encontrar o lugar para onde quer retornar. Mas decide seguir como parceira e copilota de Jack. Assim, somando uma segunda chance de se salvar sendo perdida. Aqui ela não deixa de se salvar por outra pessoa, porém podemos entender que ela decidiu não ir, pois a única coisa que ela encontraria no deserto, sem comida, água e armas, seria a morte.
Entretanto, essa ação a levou a perder sua terceira fuga, Jack tinha ajudado a conseguir armamento, suplementos e veículos para ela, enfim, ir embora. Por conta de uma emboscada, ela precisou escolher entre salvar Jack ou ir em busca da sua liberdade, e ela escolhe lutar pela vida dele.
Furiosa escolhe outras pessoas no lugar da própria vida e quantas vezes nós escolhemos cuidar e nos importar com outras pessoas, opiniões e situações, ao invés de zelar pela nossa saúde física e mental.
É importante ressaltar como este texto não é um apoio a atitudes individualistas, nem muito menos um apoio à falta de humanidade e sensibilidades das pessoas quando pode-se ajudar e salvar outras pessoas, e sim uma demonstração de como a história da personagem se torna repetitiva e nos mostra como não conseguimos cuidar de nós mesmos. Visto que no final vemos como ela quebra o ciclo de brutalidade criado entre ela e Dementus.