Mistério em Paris: Qual absurdo cinematográfico você aceita?
Há uns dias, eu maratonei os filmes Mistério no Mediterrâneo (Kyle Newacheck – 2019), Mistério em Paris (Jeremy Garelick – 2023) e Esposa de Mentirinha (Dennis Dugan – 2011), incentivada pelo casal protagonista, Adam Sandler e Jennifer Aniston, e por serem comédias românticas com roteiros onde tudo pode acontecer. A junção desses fatores fizeram minha tarde de domingo ser muito mais divertida.
Nos filmes Mistérios no Mediterrâneo e Mistério em Paris, o enredo acompanha um policial e sua esposa cabeleireira tentam solucionar um caso de assassinatos e sequestros, tem tudo para dar errado? Sim! Mas quando a gente se propõe a acreditar na galhofa, tudo fica perfeito. Como inúmeros plot twist e os personagens secundários que roubam a cena. Diferente de Esposa de Mentirinha tem uma proposta muito mais romântica, com amigos se metendo em enrascadas até se apaixonarem.
Se analisarmos tecnicamente os filmes Mistério no Mediterrâneo e Mistério em Paris, escritos por James Vanderbilt, o roteiro é rico em deus ex machina, com personagens surgindo do absoluto nada para atrapalhar e ajudar com os crimes. Aaaaa e como eu poderia esquecer das cenas de ação que são tiro e porradaria.
Os protagonistas combinam de uma forma peculiar e divertida, eu não consigo gostar 100% do humor de Sandler, sempre achei exagerado e não alcançava a graça de forma natural sendo um pouco forçado. Porém, Aniston traz o equilíbrio que ele precisa para transformar uma comédia que tem TUDO para ser errado em uma produção engraçada e com diferentes níveis de humor, desde trapalhadas como troca de remédios de dor de cabeça por calmantes até momentos tão inusitados que o riso nervoso e o de humor se mistura.
Isso sem contar os toques românticos onde um salva a vida do outro de grandes vilões e declarações de amor que colocam em destaque detalhes do dia a dia. Em Esposa de Mentirinha não temos a ação presente nos outros dois, mas a tensão permanece por todo jogo de cintura que eles fazem para manter a verdade sobre o não relacionamento deles em segredo.
Em outros filmes como A Batalha de Natal (Reginald Hudlin – 2023) isso não funciona muito bem. Nele Eddie Murphy faz um acordo com uma duende maligna para vencer a competição de decoração de Natal e acaba trazendo os enfeites natalinos à vida. O roteiro de Kelly Younger tenta de todas as formas ser engraçado e cativante, mas falha por não gerar a mesma conexão que as obras citadas anteriormente.
Com isso, assumo a responsabilidade quando aprecio filmes que tecnicamente não são nada bons, e está tudo bem, já que estou no meu momento de conforto e lazer. Até porque nem tudo é sobre trabalhar 24 horas por dia!
