Algo Velho, Algo Novo, Algo Emprestado: Algo que poderia ser melhor

Algo Velho, Algo Novo, Algo Emprestado: Algo que poderia ser melhor

O filme argentino dirigido e roteirizado por Hernán Rosselli tem uma premissa interessante e aborda assuntos que são importantes não apenas para a cultura do seu país de origem, mas também para muitos brasileiros que insistem em apostas ilegais. O longa acompanha os Felpetos, uma família que administra um esquema de loterias clandestinas por muitas décadas. A empresa familiar atua em um pequeno conjunto habitacional, porém o clima no bairro mudou por conta de mudanças na polícia e novas pessoas entrando nesse meio.

A obra é narrada por Maribel que faz parte da família e da organização de apostas, a cada assunto que a narradora apresenta a montagem intercala atualidades e memórias para contextualizar. Desde o tema principal que são as apostas ilegais até temas secundários como expurgo policial, família, depressão e suicídio.

Com tudo, o roteiro do longa o tornou em uma história confusa e se perdia em vários momentos, desenvolvendo um conteúdo cansativo em vários momentos. Antes de ser exibido na 48º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Algo Velho, Algo Novo, Algo Emprestado participou da Quinzena dos Realizadores do 76º Festival de Cinema de Cannes onde Rosselli e outros diretores argentinos puderam expor suas obras e indignações em relação aos cortes na cultura, ciência e educação feitos pelo presidente ultraliberal Javier Milei.

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O filme de Rosselli tinha tudo para ser uma boa representação da importância dos incentivos financeiros direcionados para a cultura, porém ele não entrega a obra que promete. Agora, com os cortes, filmes como esse tendem a sofrer ainda mais, pois já não bastasse ter as notáveis dificuldades na roteirização e execução, também não contará com incentivos que poderiam ajudar com mais profissionais qualificados e materiais de estudo.

Na Argentina, foi realizado um corte severo no Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales (INCAA), causando a suspensão de programas de apoio, a demissão de mais de um quarto de seus funcionários e a interrupção do recebimento de projetos por 90 dias, o que resulta em um grande retrocesso para a indústria audiovisual local e os profissionais da área.

“Tanto a educação pública quanto o funcionamento da lei do cinema possibilitam que a Argentina tenha um cinema muito heterogêneo, um cinema de classe média e de classe trabalhadora” Rosselli tem toda razão em seu discurso. Todos os setores são importantes para manter a sociedade em constante movimento e reflexão. Muitas vezes o cinema é feito apenas para uma parcela da população, sendo que todas precisam de acesso e visibilidade.


O diretor mostra como 2024 foi um ano que sofreu com esse descaso governamental “é um ano perdido para o cinema argentino porque, durante a primeira parte do ano, o INCAA ficou completamente paralisado” e Rosselli reforça que com ou sem investimentos o cinema latino-americano não vai parar de ser produzido “Os filmes continuarão a ser feitos com muito esforço, porque os cineastas não deixarão de filmar, mas a indústria cinematográfica, o trabalho no cinema, sofrerá muito”, reitera.

Além de Rosselli, outros diretores também denunciam o preconceito por trás desses atos do governo de Milei, como a atriz Cecilia Roth explica que a indústria cinematográfica é uma fonte de trabalho para muitas pessoas e criticam o discurso do governo, onde os próprios governantes classificam os artistas como “parasitas do Estado”. Ignorando totalmente como essas medidas terão um grande impacto sobre a futura produção cinematográfica do país e o retorno econômico que esse setor gera para o país.

Camila Couto

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