A contribuição da série Ahsoka para a evolução do feminismo em Star Wars

A contribuição da série Ahsoka para a evolução do feminismo em Star Wars

Eu sei que já faz um tempinho que a Season Finale de Ahsoka passou. Mas, eu não poderia deixar de expressar a importância da personagem ao universo de Star Wars.

Ora, somente a Ahsoka é importante? Por que não a Leia ou a Rey?

A Princesa/General Leia já foi inserida no contexto de Star Wars como a princesa que “necessita” ser resgatada. Eu digo entre aspas, pois é óbvio que ela não precisava ser salva, até porque ela é uma personagem ímpar. Isto é, um símbolo de resistência que transcendeu a ideia de feminismo na cultura pop.

Afinal, estrangulou um verme, porque ele a obrigou a usar um biquini duvidoso, sem contar a sua participação na Nova República da Galáxia Muito Muito Distante, no qual, erroneamente, a afastou e lhe virou as costas no ápice de uma nova ameaça, e nem por isso o coração da General desvaneceu e ela continuou a lutar pelo o que acreditava, até se unir à Força.

No entanto, convenhamos, embora toda a sua carga tenha sido válida e tenha aberto portas para outras personagens, o seu contexto estava um tanto quanto ofuscado pela jornada do herói de Luke Skywalker — não me julguem, esta é uma realidade certificada pelo próprio Teste Bechdel.

Já a Rey (uma das minhas personagens prediletas) foi uma tentativa de Star Wars de trazer uma protagonista/heroína mulher, que apesar de ter excelentes nuances, foi mal aproveitada por um roteiro e direção que destroçaram a sua jornada. Aliás, Rey é a personagem que eu acredito está em transição… Principalmente, porque farão um novo filme sobre ela.

Qual é essa transição? O do repúdio até a aceitação pelo fã de Star Wars (acreditem, isso infelizmente acontece). Devo confessar que fiquei encantada com a exaltação dos fãs ao receberem a Daisy Ridley no última Star Wars Celebration e tenho esperanças de que isso somente tende a melhorar!

No entanto, a personagem Ahsoka já passou pela transição em que a Rey ainda está tentando chegar.

Calma! Vou explicar…

Ahsoka é uma personagem que não está nos filmes de Star Wars! Ela foi criada, exclusivamente, para a animação The Clone Wars para ser a Padawan de Anakin Skywalker (para quem não conhece o termo, significa, basicamente, aprendiz).

E acreditem! Infelizmente, ela, também, sofreu muitos haters. Ou seja, até ela ser idolatrada pelos fãs, a ponto de ganhar uma série somente dela, muita água se passou, minha gente.

Ahsoka veio de um contexto infantil da animação. No entanto, sua retratação foi deturpada até com um estilo sexista, no início, o qual, felizmente, evoluiu com o passar dos anos. Confira:

Ahsoka

E é por isso que a personagem é de extrema importância. É uma personagem feminina que houve uma rejeição a princípio, mas que depois foi criando a sua identidade. E, agora, não há alguém que goste Star Wars, que não a admire.

E não para por aí!

Neste 8 de março, é de extrema importância informar o quanto a personagem traz com mais afinco o seu peso na campanha a favor do feminismo.

Afinal, vocês sabiam que a sua série homônima passa SIM no teste de Bechdel?

Para quem não conhece, o Teste de Bechdel avalia se um filme e uma série possui personagens mulheres participativas.

Ele contém três questões:

  • O/A filme/série tem duas ou mais personagens mulheres com nomes?
  • Elas conversam entre si?
  • O assunto da conversa é algo que não seja relacionado a homens ou a romance?

Só para você ter uma ideia, obras como a trilogia clássica de Star Wars, Harry Potter e O Senhor dos Anéis, não passam no teste.

E aí que Ahsoka se destaca, pois além da heroína ter a sua própria jornada de autoconhecimento, aceitação e descoberta, ela também traz mais duas personagens extremamente importantes: Hera Syndulla e Sabine Wren — que possuem as suas próprias falhas e motivações,  seja enfrentando uma República, seja em resgate da sua coragem.

E antes que você tire falsas conclusões, a mulher pode sim falar sobre homens e romances, o que não pode ocorrer e ela está somente sujeita a isso na obra. Entendeu?! Espero que sim…

Tanto é verdade que a obra Ahsoka da Disney recebeu o Selo de Empoderamento Feminino no Entretenimento da Critics Choice Association.

Apelidado de “SOFEE”, este selo “reconhece novos filmes e séries de televisão excepcionais que iluminam a experiência e a perspectiva feminina por meio de histórias autenticamente contadas por mulheres.”

Para a conquista do selo, é necessário pelo menos uma nota 7, e uma escala de 0 a 10, e Ahsoka surpreendeu os jurados com uma nota máxima.

Afinal, não queremos (pelo menos eu) uma ceninha de junção de mulheres como foi Vingadores Ultimato só por tabela. Queremos mais e quando digo assim, estou tratando da consistência… coisa que Ahsoka dá de sobra…

E é por isso que a personagem engrandece a Saga de George Lucas, pois, ainda que inevitavelmente zombam disso, cumpre dizer que é uma grande conquista e um grande passo em frente à diversidade em uma franquia que muitas vezes tem sido liderada principalmente pelo público masculino.

Até mais, e que a Força esteja com você.

Luciana Guedes

Selo de Garantia de que o Acre existe! Integrante da Casa Corvinal. Mestre Jedi nas horas vagas. Possui como meta de vida conhecer Valinor, a Oeste da Terra-Média e acredita que 42 é a resposta para tudo.

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