Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, será que eu mereço?
O filme Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania abriu a quinta fase do Universo Cinematográfico da Marvel e gostaríamos de falar que estreou com sucesso… Porém, não foi bem isso que aconteceu. A história dessa continuação mostra Cassie, Scott, Vespa, Janet e Hope entrando acidentalmente no reino quântico e precisam lutar contra Kang, o Conquistador, para saírem vivos de lá.
O roteiro fraco de Jeff Loveness não consegue explorar o mundo quântico e promove um protagonismo desfocado. Podemos entender que atualmente a Marvel está apostando em produções de diversos estilos para atender vários públicos, até aí não existe nenhum problema, se não fosse pela falta de qualidade que ao invés de atrair novos espectadores, afasta quem já acompanha.
Entretanto, a produção de Peyton Reed pincela de leve um assunto muito importante: a Síndrome do Impostor. Durante uma cena, Janet van Dyne (Michelle Pfeiffer) explica as ações que teve enquanto estava presa no Reino Quântico e no final conclui que por essas ações não MERECE tudo o que tem, que no caso seria a família, a vida confortável e a felicidade.
Infelizmente, esse sentimento está muito relacionado a uma baixa autoestima, a insegurança e, principalmente, a autossabotagem, pois a pessoa coloca um peso muito grande nos atos ruins ou que ela própria classifica como errados para se auto depreciar e não aproveitar os bons momentos que ela tem na vida. No caso da personagem Janet, ela carrega muitos traumas pelas coisas que ela fez enquanto estava sobrevivendo no Reino Quântico. Por isso, ela sente que não merece a felicidade que vive após sair de lá.
Podemos ter uma explicação clara do que essa autossabotagem criada pela Síndrome do Impostor pode gerar em uma pessoa com a fala da personagem Lisa do seriado animado Os Simpsons. A personagem explica para o pai, Homer, como ela se sente quando está prestes a chegar perto da felicidade se autossabotando.
Outra produção que nos mostrou esse sentimento foi Stranger Things com a Max. Entretanto, no caso dela a autossabotagem foi um dos sintomas iniciais da depressão pós-traumática e que foi muito bem representada até mesmo na trilha sonora de Kate Bush, “Running Up That Hill”. Max viu seu irmão dando a vida para salvar ela e seus amigos, com isso ela não acreditava ser merecedora daquele ato momentâneo de coragem dele. Na música de Kate ouvimos ela negociando com Deus por uma troca para ser feliz com seu amado.
“(…)
E se ao menos eu pudesse
Eu faria um acordo com Deus
E o convenceria a trocar nossos lugares
Estaria percorrendo aquela estrada
Estaria subindo aquela colina
Estaria subindo aquele prédio
Veja, se ao menos eu pudesse, oh
(…)”
*Tradução feita pelo site Letra.
Essa autossabotagem infelizmente é comum entre muitas pessoas, não é algo saudável psicologicamente e pode distorcer como vemos nossas ações e nossas relações interpessoais. A terapia é um ótimo primeiro passo para entendermos melhor nossos pensamentos incluindo o de não merecimento. Todos temos o direito de sermos felizes, se você não acredita ser uma pessoa boa o bastante para isso permita que outras pessoas (e profissionais) te ajudem a encontrar seu caminho. Entendemos que esse tema não foi melhor abordado no filme por não ser o centro da história.
Mas só uma pessoa com um talento inexplicável e incrível consegue ter uma sacada tão massa dessa, com um filme tão meia boca. Parabéns, Célia, suas colunas são incríveis assim como os textos da Camila.
Obrigada!