Um Lugar Silencioso: Dia Um – Não está na hora de aproveitarmos o silêncio?
ATENÇÃO! O texto pode conter leves spoilers.
“Words like violence
Break the silence
Come crashing in
Into my little world”
Nunca um trecho de Enjoy the Silence fez tanto sentido – essa é a premissa de Um Lugar Silencioso: Dia Um.
O mundo de Dia Um não é apocalíptico, como os seus antecessores. Pelo contrário, imagine que a catástrofe e os seres que aterrizaram tanto a franquia de John Krasinski (sim, o Jim Halpert de The Office) aparecessem na Terra, hoje.
Como no filme, não teríamos para onde fugir. Afinal, estamos falando de um planeta que efetivamente não dorme e que o barulho já é algo inerente ao ser humano. Imagine, então, ambientada em Nova Iorque.
Não há como assistir ao filme e não compará-lo ao primeiro episódio The Last of Us, quando a humanidade não sabe como agir com o alastramento dos fungos e o caos se instala. No entanto, felizmente o filme de Michael Sarnoski (que toma o posto da franquia) consegue ganhar o seu próprio ritmo e se desvencilhar das mesmices dos prelúdios intermináveis.
Mas isso não o torna menos previsível no que se refere ao seu desfecho! Digo isso pela condição da personagem Sam (Lupita Nyong’o – detentora de uma bagagem memorável como Nós e 12 anos de Escravidão) e os motivos que a fazem dar um passo para trás, principalmente, ao se deparar com um perdido Eric (Joseph Quinn – cujo personagem em Stranger Things mostrou que ele é capaz de mais).
No entanto, embora saibamos o que pode acontecer na história, creio que a atuação de ambos traz toda a urgência e dramaticidade que o longa quer passar. Afinal, em um filme que o mínimo deve ser dito, são as expressões e os gestos que valham mais a pena, além da identificação com os personagens – algo bastante aproveitado com a família protagonista do primeiro Um Lugar Silencioso (2018).
Quanto à mudança de perspectiva e direção de Krasinski para Sarnoski, acredito que tenha dado um frescor na franquia, que encanta com uma fotografia à la Um Dia Depois de Amanhã de uma Nova Iorque recém conquistada por seres alienígenas. Aliás, a melhor fotografia do filme, ao meu ver, é Sam enquadrada no meio de uma Nova Iorque completamente devastada e sem nenhum barulho que a identifique como a cidade que nunca dorme.
Quanto aos sustos, se você espera assistir ao Dia Um contando com o despertar de sua adrenalina, já te decepciono logo de cara. Pois, apesar de haver momentos de tensão, estes não são o forte do longa, ainda que os alienígenas estejam mais em destaque com cenas enquadradas diretamente ao seu nariz (se é que aquilo pode ser chamado de um) – e olha que não sou muito adepta a receber sustos de graça, hein?!
Vale a pena assistir?
Com poucos momentos agonizantes, mas certeiro no quesito drama, e uma ótima atuação de Lupita Nyong’o e de Joseph Quinn – principalmente, os olhares expressivos dela, afinal estamos falando de uma ganhadora do Oscar – Um Lugar Silencioso: Dia Um traz mais uma moral do que respostas ao seu universo, qual seja: não devemos aproveitar o silêncio e as pequenas coisas?! Mas, nem por isso deixa de ser um filme emocionante, que pode muito bem entrar na disputa, como um dos melhores da franquia.
Menção honrosa: Por Frodo! Estou falando do gato. Assista e você vai entender.
Até mais, e Obrigada pelos Peixes!