Malu: Uma intensa e emocionante homenagem a Malu Rocha

Malu: Uma intensa e emocionante homenagem a Malu Rocha

O relacionamento entre mãe e filha nem sempre são mil maravilhas, em algumas famílias as diferenças de pensamento podem separar pessoas que se amam. No novo filme escrito e dirigido por Pedro Freire conhecemos Malu (Yara de Novaes), uma mulher com um passado glorioso no teatro, que vive uma relacionamento conturbado com sua mãe conservadora e sua filha adulta, ficando dividida entre brigas e momentos de carinho entre as três.

A obra é uma homenagem para Malu Rocha, mãe do diretor, onde ele reúne memórias dele e da irmã, a atriz Isadora Ferrite, de uma forma muito intensa e emocionante. O roteiro é equilibrado entre cenas tensas, emocionantes e alguns pontos de carinho e humor. Porém, além de um roteiro bem estruturado, é possível apreciar as atuações carregadas por uma carga emocional e dramática, tudo de uma forma muito respeitosa.

A técnica utilizada para a atuação fluir de forma tão natural fez total diferença no resultado final do filme. O método teatral de Stanislavski se baseia no estudo do realismo psicológico onde a pessoa vive as emoções do personagem de forma profunda, no caso desse filme se aliando ao improviso como uma imersão muito nos sentimentos e atitudes das personagens. Segundo o diretor, desde o primeiro ensaio tudo foi gravado para preservar o impacto emocional colocado em cada fala.

Além das desavenças maternas, a protagonista também se encontra em um caos existencial que a mantém presa ao passado, desde os seus tempos de glória da juventude até suas perdas dentro do relacionamento anterior com o pai da sua filha, Joana (Carol Duarte), que é um personagem que representa os filhos da atriz, Pedro e Isadora.

Outro ponto muito interessante e importante para a construção do filme é a casa em que Malu mora, ela representa muito mais do que o lugar atual onde a protagonista parou no tempo. A diretora de arte, Elsa Romero, fez um trabalho incrível, encontrando a casa em construção e convencendo os proprietários a alugarem para o filme, além de todo envelhecimento feito para mostrar como nada teria futuro ali, estando fadado ao envelhecimento e esquecimento.

A atriz Juliana Carneiro da Cunha também foi outra preciosidade em cena, conseguindo mostrar os preconceitos por trás do conservadorismo, ao mesmo tempo a preocupação de uma mãe que não entende os caminhos que a filha decidiu seguir. É doloroso ver como o relacionamento delas vive em crise e entre espinhos, mas naquele contexto seria difícil ser diferente.

O filme foi exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, onde a equipe do blog teve a oportunidade de assistir, participar da coletiva e entrevistar o diretor e as atrizes. No festival, a obra recebeu o prêmio o Prêmio Paradiso, dedicado ao incentivo ao cinema nacional. E a reflexão que fica é a mesma deixada pela personagem Malu: “Para onde estamos indo?”

O filme estreia dia 07 de novembro nos cinemas. Confira a entrevista completa a seguir:

 

Camila Couto

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