O Dia Que Te Conheci: Um remédio para a ansiedade

O Dia Que Te Conheci: Um remédio para a ansiedade

A Mostra Internacional de Cinema em São Paulo apresentou várias obras lindas e instigantes entre os dias 19 de outubro até 1º de novembro, e o Blog Camila Couto teve a oportunidade de acompanhar um dia desse evento incrível, assistindo os filmes: “O Sonho da Sultana”, “Agreste” e “O Dia Que Te Conheci”. 

Destas qual chamou mais atenção foi a obra do diretor e roteirista André Novais Oliveira, a história acompanha Zeca (Renato Novais), um homem que todo dia tenta levantar cedinho para pegar o ônibus e chegar, uma hora e meia depois, na escola da cidade vizinha, onde trabalha como bibliotecário. Manter essa rotina ficou cada vez mais difícil após ele começar a tomar remédios antidepressivos. Porém, um dia, Zeca conheceu Luisa (Grace Passô) e as coisas mudaram. 

O filme consegue conciliar comédia com um assunto sério como depressão e ansiedade, mas o que chama mais atenção é que ele não foca na doença em si e sim no tratamento. A abordagem ficou muito mais interessante, pois mostra como passar por uma situação muito difícil. É muito bom quando uma obra apresenta soluções para questões cotidianas, ao invés de apenas apresentar uma dor ou problema. 

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 “O Dia Que Te Conheci” também consegue mostrar o momento exato em que um ciclo se encerra e outro começa, neste caso sendo bem marcado pela maneira que Zeca e Luisa se aproximam. Aliás, os atores tiveram uma química muito boa, eles realmente se entrosaram, não é atoa que esse é o segundo filme deles juntos como casal romântico. 

A obra é tão única com sua identidade brasileira e, principalmente, mineira que conquista todos que assistem, essa é uma das razões pela qual o longa ganhou na categoria Melhor Filme Brasileiro na Mostra de São Paulo. A delicadeza nos detalhes vai desde um pastel frito na moda mineira até o sotaque e o modo de falar que nem foi possível traduzir por completo na legenda, pois não importa quanto nos esforçamos, mas a língua inglesa nunca vai transmitir a intensidade dos nossos sentimento, principalmente em mineirês.

Entretanto, o diretor conseguiu pontuar algo muito importante para o espectador, algo tão intrínseco e profundo que só com muita calma é possível entendermos e que deixou a obra muito mais rica: o tempo perfeito. O timing mais lento traz a necessidade de parar, respirar e sentir o momento, quase todas as cenas e contextos exigem que tenhamos calma para que aconteça algo, seja algo que já esperamos ou uma piada que tira risadas da plateia toda. 

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Só depois de esperar uma cena inteira para chegar àquilo que esperamos, vemos como a ansiedade nos domina, pois queremos que aconteça tudo logo de forma rápida e essa “demora” nos faz respirar e esperar a cena rolar. Um controle puro da ansiedade! 

Além do longa ser incrível com camadas mais profundas que o próprio André Novais tinha proposto a mostrar, a experiência de assistir na Mostra de São Paulo e poder conversar com o diretor no filme no final da apresentação é ainda mais lindo, pois ele consegue mostrar a simplicidade da ideia e como algo cheio de complexidades pode surgir de uma conversa com um amigo que estava com dificuldades para acordar de manhã cedo por culpa dos remédios. 

Podemos concluir algumas coisas importantes após um dia de Mostra de São Paulo:
1) Se tiver a oportunidade de ir em festivais e mostras, vá!
2) Assista  “O Dia Que Te Conheci” o mais rápido possível.
3) Vá ao médico especialista e tome seus remédios na hora certa. 

Camila Couto

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