The Big Bang Theory: “Eu te amo, Penny!”

The Big Bang Theory é uma daquelas séries que eu não consigo engolir por completo, não importa quanto engraçada ela tenta ser, eu sempre terei os dois pés atrás com ela. Pode ser pelo estereótipo exagerado tanto nos personagens masculinos, quanto principalmente nos femininos. 

A série de 12 temporadas acompanha o dia a dia de um grupo de amigos nerds, a história consegue acertar várias piadas e faz ótimas referências à cultura pop. Entretanto, também consegue ser bem chata e incentivar estereótipos, como o da mulher bonita e burra ou da “feia” inteligente, e até mesmo da bonita, inteligente e irritante. E os rapazes sempre querendo sexo o tempo todo e quando não estão pensando em mulheres estão criando e discutindo teorias sobre as muitas histórias em quadrinhos que leem. 

Contudo, não é esse o grande ponto que quero refletir aqui. Na sétima temporada (sim, sou guerreira e cheguei até a 7ª temporada), Leonard e Penny reatam o relacionamento, mas ela deixa claro inúmeras vezes que eles estão tentando ver se vai dar certo, já que na primeira vez eles não se entenderam e terminaram. Durante essa segunda tentativa Leonard diz para Penny que a ama e isso a enche de inseguranças e medos, o que faz ela terminar tudo mais uma vez. 

Essa situação é muito dolorosa para o Leonard, pelo sentimento dele não ser correspondido, como também é para Penny que sabe quanto gosta dele, mas que ainda não está pronta para dar esse passo do amor e tem que magoar e se distanciar de alguém que gosta por não conseguir retribuir da mesma forma. A dor por não poder corresponder é real, principalmente quando é pautada nas incertezas das dúvidas e traumas.

Podemos ver algo parecido, porém bem mais dramático, no filme 500 Dias Com Ela, onde Summer deixa claro logo nos primeiros 20 minutos de filme que não quer namorar ou casar com alguém, que quer “deixar as coisas sérias mais pra frente”. E ressalta com força que não acredita que o amor realmente exista. Ela deixa claro que só queria algo casual e mesmo assim Tom continua nutrindo sentimentos por ela. Assim, quando ela encontra o amor da vida dela e se casa, ele se revolta com ela e com o mundo ao seu redor que “mentiu” para ele sobre o amor. 

E sabe o que essas duas situações têm em comum? As duas pessoas que negaram receber o amor dado são mulheres, quando priorizamos a nós mesmas, seja nosso momento de solitude quanto nossas incertezas nos tornamos as megeras sem coração que não aceitamos o verdadeiro amor. Nesses dois casos, podemos ver que Penny e Summer não tiveram boas vivências no amor, a Penny com seus inúmeros ex-namorados e Summer com o trauma do divorcio dos seus pais. 

“Aaaaa, mas podemos ver personagens femininas que também tiveram seu amor negado.” Sim, como em Fleabag, onde a protagonista se apaixona por um PADRE e quer que ele LARGUE A BATINA para ficar com ela, quando ela se declara falando que o ama, ele responde com um sonoro “Vai passar!”. Realmente, ele não retribuiu naquele momento seus sentimentos, só que durante toda a série ela é apresentada como alguém muito fora da curva, totalmente fora dos padrões feminina romântica (não é atoa que ela se apaixona por um PADRE).*

Enfim, da mesma forma que o amor é lindo, ele também é complexo e difícil em alguns momentos para algumas pessoas, alguns traumas e medos podem marcar para sempre essa pessoa, fazendo ela precisar de um tempo (seja pouco ou muito) para entender o que ela quer do mundo e dela mesma. Com isso, precisando de um tempo para ela, e podem ter certeza que ela sabe que pode estar perdendo o grande amor da sua vida, mas que não pode amar outra pessoa sem se amar e perdoar antes. 

* Um pouco antes de se despedir o padre também diz que a ama, porém a deixa para continuar sendo padre.