The Marvelous Mrs. Maisel: Escolhas e suas consequências

Como você aprendeu a fazer escolhas? E como aprendeu a lidar com seus sentimentos? Ninguém te ensina como fazer nada disso, porém todos cobram responsabilidade pelas suas escolhas. Todas as situações na vida exigem que tomemos alguma decisão, nem que essa seja não fazer nada. 

Se tem uma série que mostra como inúmeras formas de fazer (ou não fazer) um escolha é The Marvelous Mrs. Maisel (A Maravilhosa Senhora Maisel), escrita e dirigida pela talentosa Amy Sherman-Palladino e disponível no Prime Video. Essa série ‘vira e mexe’ está presente aqui no blog, a trama acompanha Miriam “Midge” Maisel, uma mulher da cidade de Nova York no ano de 1958 que tem tudo que sempre quis – o marido perfeito, dois filhos e um elegante apartamento no Upper West Side. Mas sua vida passa por uma reviravolta inesperada quando o seu marido a abandona e ela descobre um talento desconhecido que muda sua vida para sempre, entrando no mundo dos stand-ups de comédia.

A produção possui um humor inteligente, a direção de arte e figurino são positivamente marcantes e únicos, a direção de fotografia que consegue colocar poucos e memoráveis planos sequências, e um roteiro que pode te deixar sem fôlego de tantas palavras por segundo (abraços, Gilmore Girls rsrs). 

A produção, que se encerrou na quinta temporada, é capaz de mexer até com as pessoas de coração de pedra. Desde os primeiros minutos já é possível se encantar com a trama, a identificação com a protagonista é imediata, ela tem todos os requisitos para nos prender do começo ao fim. 

Isso acontece pois o roteiro apresenta muito bem a personagem e o contexto em que ela está inserida, e principalmente como ela toma suas decisões. Midge sempre foi bem firme em suas escolhas e falas, até mesmo quando estava bêbada em cima de um palco. Ela podia estar cheia de dúvidas ou emocionalmente abalada, porém sempre tinha firmeza em suas escolhas, aquela confiança que muitos adultos feitos (como nós) desejam muito ter. 

Quando passa a vida inteira lidando com as decisões que as pessoas fizeram para você é difícil escolher por você mesma. Principalmente, quando o assunto é romance e carreira. Na primeira temporada, ela precisa lidar com todas as consequências do abandono de seu marido e da nova carreira em que ela embarca. Mas fica nítido como ela sempre tenta equilibrar e guiar da melhor forma possível sua vida pessoal e profissional, mesmo que no final só tenha restado sua carreira profissional.

Entretanto, não podemos negar que seu final seja apenas um reflexo das suas ações desde o primeiro episódio. A solidão familiar, o distanciamento com seus filhos, a ausência de um par romântico… Tudo isso são consequências dos seus atos e ela aguentou eles, pois ela entendia que foram escolhas que ela fez, sendo tais atos somente uma resposta impulsiva de um contexto onde ela se encontrou como no primeiro capítulo, quando sobe bêbada no palco para aliviar sua dor, e no último quando coloca tudo a perder e dá um show no palco do Gordon Ford. Até quando ela planeja passo por passo, ela decide não fazer mais shows de abertura, pois queria ser a atração principal. 

Com a Midge, podemos aprender muito, desde qual o vestido perfeito para cada ocasião até como o tempo perfeito para uma piada, mas principalmente como reagimos quando nos encontramos sem escolhas. E aqui fica a nossa reflexão: será que estamos preparados para as respostas (imediatas ou não) referente as nossas escolhas de agora? Suas decisões te libertam ou te prendem? Pois independente de qual resposta seja para essas questões, haverá consequências.